Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola...
Nos versos de Renato Russo, um retrato da juventude dos Anos 80/90, da minha geração.
Uma geração superficial? Talvez. Porém, há uma tremenda profundidade no nosso superficialismo. Sabemos tudo mais ou menos, mas agimos com a convicção plena de que sabemos tanto ou muito mais que os outros. Minha geração porta um oceano de contradições, uma enciclopédia de perguntas com trocentos volumes. Perguntas que ninguém tem saco ou coragem de tentar responder. "Você espera respostas que eu não tenho. Mas, não vou brigar por causa disso..." E, mesmo quando os "respondendores" arriscam rascunhar alguma resposta diferente daquelas que formularam antes, mesmo assim, a gente não aceita.
A minha geração é aquela que busca novos valores. Ou melhor, busca uma forma menos hipócrita de viver os mesmos valores eternos. Valores que incomodam e que não nos deixam estáticos, mudos. [Se bem que, no fundo, bem no fundo mesmo, somos tão incoerentes quanto os respondedores, mas com a coragem – às vezes, ingênua – de protestar, de encarar quem pode mais, de falar alto quando preciso, de assinar contestações e rir de tudo depois, com uma Skol bem gelada, mas sem espuma].
Minha geração, embora não pareça, é moralista e exige coerência de comportamento nos respondendores, quando percebe algum sinal de fingimento. Agride, denuncia, berra e sai de boa depois, com a tranqüilidade própria dos jovens da minha geração, ouvindo Legião bem alto no MP4 paraguaio. "E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade. E há tempos são os jovens que adoecem..."
A minha juventude relativiza absolutismos e absolutiza o relativismo. Mas, mesmo assim, demonstra uma inquietação espiritual, de tal forma grande, que necessita demonstrar carinho, admiração e até uma certa veneração por pessoas capazes de viver [mesmo que de modo absolutista] paz de espírito e de transparecê-la aos outros. "Quem me dera, ao menos uma vez, entender como só Deus ao mesmo tempo é três. Esse mesmo Deus foi morto por vocês, é só maldade então deixar um Deus tão triste..." É, em suma, a geração que pede a Deus que Deus exista. Mas que dorme no meio da oração.
Minha geração é aquela que escreve à meia-noite um texto sobre a própria geração, lê de relance, toma um copo de Nescau gelado pensando se vale a pena publicá-lo, vai ao banheiro, mija [pensando em novos parágrafos e assuntos não abordados], volta, relê, diz: "que se foda!" e publica mesmo assim e com o refrão de uma música do Legião pra ficar bonitinho.
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver!
Nos versos de Renato Russo, um retrato da juventude dos Anos 80/90, da minha geração.
Uma geração superficial? Talvez. Porém, há uma tremenda profundidade no nosso superficialismo. Sabemos tudo mais ou menos, mas agimos com a convicção plena de que sabemos tanto ou muito mais que os outros. Minha geração porta um oceano de contradições, uma enciclopédia de perguntas com trocentos volumes. Perguntas que ninguém tem saco ou coragem de tentar responder. "Você espera respostas que eu não tenho. Mas, não vou brigar por causa disso..." E, mesmo quando os "respondendores" arriscam rascunhar alguma resposta diferente daquelas que formularam antes, mesmo assim, a gente não aceita.
A minha geração é aquela que busca novos valores. Ou melhor, busca uma forma menos hipócrita de viver os mesmos valores eternos. Valores que incomodam e que não nos deixam estáticos, mudos. [Se bem que, no fundo, bem no fundo mesmo, somos tão incoerentes quanto os respondedores, mas com a coragem – às vezes, ingênua – de protestar, de encarar quem pode mais, de falar alto quando preciso, de assinar contestações e rir de tudo depois, com uma Skol bem gelada, mas sem espuma].
Minha geração, embora não pareça, é moralista e exige coerência de comportamento nos respondendores, quando percebe algum sinal de fingimento. Agride, denuncia, berra e sai de boa depois, com a tranqüilidade própria dos jovens da minha geração, ouvindo Legião bem alto no MP4 paraguaio. "E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade. E há tempos são os jovens que adoecem..."
A minha juventude relativiza absolutismos e absolutiza o relativismo. Mas, mesmo assim, demonstra uma inquietação espiritual, de tal forma grande, que necessita demonstrar carinho, admiração e até uma certa veneração por pessoas capazes de viver [mesmo que de modo absolutista] paz de espírito e de transparecê-la aos outros. "Quem me dera, ao menos uma vez, entender como só Deus ao mesmo tempo é três. Esse mesmo Deus foi morto por vocês, é só maldade então deixar um Deus tão triste..." É, em suma, a geração que pede a Deus que Deus exista. Mas que dorme no meio da oração.
Minha geração é aquela que escreve à meia-noite um texto sobre a própria geração, lê de relance, toma um copo de Nescau gelado pensando se vale a pena publicá-lo, vai ao banheiro, mija [pensando em novos parágrafos e assuntos não abordados], volta, relê, diz: "que se foda!" e publica mesmo assim e com o refrão de uma música do Legião pra ficar bonitinho.
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver!
O mundo anda tão complicado,
que hoje eu quero fazer tudo por você...
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