segunda-feira, 30 de junho de 2008

Otário Eleitoral Gratuito

Tenho uma teoria de que a propaganda política na TV só serve para alienar ainda mais o povo brasileiro que é historicamente despolitizado. Se as eleições são municipais, então... Putz! A coisa se agrava ainda mais!

Para ilustrar, destaco na seqüência um vídeo com alguns exemplos. Quem é que agüenta passar uma hora inteirinha assistindo a essas bizarrices?



Samuel Silva: esse candidato, você nunca mais vai esquecer.
[Alguém me mate, por favor!]


Jesus, acende a luz!

domingo, 29 de junho de 2008

Mataram a democracia



A democracia, sendo uma junção de instituições destinadas a dar legitimidade ao exercício do poder político, deveria responder coerentemente a três perguntas-chaves:

1. É possível produzir mudanças na sociedade sem violência?

2. É possível, de modo eficaz e transparente, fiscalizar aqueles que estão no poder?

3. É possível que o povo tenha voz no exercício do poder?

Li numa obra em italiano do sociólogo anglo-alemão Ralf Gustav Dahrendorf (que, como eu, também nasceu no Dia do Trabalho), algumas coisas interessantes, que me fizeram pensar: será que vivemos mesmo numa democracia? Estou convencido que não, pelos seguintes motivos:

A política custa. Os candidatos que querem ser eleitos, apesar do que o TRE define, devem ou ser ricos ou ser parasitas de ricos. Trata-se dum grande obstáculo para a democracia na era do capitalismo moderno.

A política fede. Já nos acostumamos com manchetes sobre corrupção que envolvem políticos brasileiros em todas as épocas. E, analisando esses escândalos, descobre-se que todos têm origem em um líder-mor que precisa de grana para financiar a máquina de seus partidos e levar assim a si mesmo e os seus amiguinhos ao poder. Há também o fedor dos políticos que representam os próprios bolsos, que pensam somente no próprio umbigo e fazem do próprio mandato um verdadeiro cabide de emprego fixo, bem remunerado e de elevada visibilidade. Renunciar a esses cargos significa perder o salário, entrar no verdadeiro mercado de trabalho, aprender a viver com o suor do próprio rosto.

A política é ineficaz. Os políticos, quando não estão ocupados com benefícios próprios, precisam atender aos interesses de seus partidos que, geralmente, não são os mesmos dos seus representados: o povo. Mas, por causa do povo, tem que explicar e tentar convencê-lo até a exaustão sobre as próprias decisões são necessárias ao bem-estar comum: mesmo que não agrade, mesmo se não se veja necessidade alguma, mesmo se se considere perda de tempo. Política é fazer as coisas por meio da persuasão e do debate, e não dar ordens e impor decisões.

A política engana. Porque mesmo quando se trata de democracia direta, potencialmente suportável pelos meios de comunicação, como a TV e a própria Internet, a política pode ser facilmente manipulável.

Até na minha pacata Peabiru, por exemplo, conseguiram dar fim para metade das contribuições dos educadores. E ainda há professores – leia bem: PROFESSORES! – que foram facilmente convencidos de que isso era legal, necessário.

Generalizei? Talvez. Peço, porém, desculpas àqueles políticos que, com toda a sua honestidade intelectual, conseguem olhar para o espelho sem medo de levar uma cuspida na cara.

Fico com as palavras do Marques de Maricá, senador e ministro da fazenda na época do Brasil Império: "A democracia é como a tesoura do jardineiro, que decota para igualar; a mediocridade é o seu elemento".

Olha pro céu, meu amor! Vê como ele está lindo!

Das celebrações populares brasileiras, a minha preferida sempre foi a Festa de São João: frio, bandeirinhas, comidas típicas, chapéu de palha, quadrilha e outras caipirices que reportam, ainda que de maneira caricata, ao universo rural, lá onde continuam cravadas as nossas raízes.

Meu encanto pelas noites de São João vem do tempo em que meu pai, devoto do santo, fazia uma baita fogueira na rua de casa (ainda sem asfalto), reunia os vizinhos ao redor, assava pinhão, contava piada, distribuía quentão e, à meia-noite em ponto, retirava algumas lenhas do fogo e caminhava descalço sobre as brasas vivas sem se queimar. Aquilo era fantástico pra mim. De tal modo, que eu também me atrevi caminhar sobre aquele tapete incandescente por algumas vezes, não sem algumas bolhas no pé no dia seguinte.

É também nas festas juninas que outras variantes da língua portuguesa são valorizadas, cultuadas sem preconceitos. "Pessoar, óia a chuva!" e outras chamadas tradicionais das quadrilhas ou dos casamentos caipiras que fazem com que o Chico-Bentês – dialeto que permanece intacto não apenas em Minas – pelo menos uma vez no ano, ganha status de língua padrão.

Se tem quermesse, eu tô dentro, pois é ali que eu me encontro com a minha infância, com o meu povo, com a minha cultura. São João, mais que qualquer outra festa, faz-me sentir brasileiro e valorizar a minha gente, com as sua alegria, crendices e tradições.

Ainda bem que, na era das Raves, as festas juninas continuam tão populares quanto antes.

Viva Santo Antônio!
Viva São Pedro!
Viva São João!

sábado, 28 de junho de 2008

Bem me quer, mal me quer

O coração bate. Mas, antes que bata uma segunda vez, há um momento de silêncio. Bate e não bate e bate de novo. Assim, um homem pode passar a vida inteira pensando que ama outra pessoa, quando, na verdade, ama e não ama e ama de novo.

Foi pensando nessas coisas e na inconstância da vida que, numa tarde de domingo, depois de uns goles de vinho, é que me veio a idéia e a coragem de arriscar um "Serenata Rap", em italiano:



No vídeo a seguir, a música original, com dois grandes da música italiana: DJ Lorenzo Jovanotti [autor do rap] e o inesquecível Luciano Pavarotti.

Lingua Latina viva est

O latim morreu e estudá-lo é inútil. Pelo menos é essa a idéia que se difunde e que vem ganhando força ultimamente, tanto nos setores da educação, quanto nos ambientes religiosos. Tratar-se-ia de uma língua sepultada num passado remoto e que deveria ser eliminada, dando lugar ao estudo de outros idiomas vivinhos-da-silva e que supostamente impulsionariam o indivíduo ao futuro como, por exemplo, o mandarim. Segundo essa mesma tendência, o ensino de uma língua "defunta" beneficiaria unicamente seus professores que, por esses mesmos supostos benefícios próprios, empurram a língua latina aos acadêmicos goela abaixo, sem dó.

Eu penso que alguém que decide cursar uma faculdade, tanto de Letras quanto de Direito, escolhe voluntária e automaticamente estudar o Latim já que é parte integrante da grade curricular; ou no mínimo, por isso mesmo, deveria estar consciente da relevância desta disciplina para o curso que freqüenta e, sobretudo, para a sua própria formação pessoal e profissional. Todavia, entre os acadêmicos é muito difundido o desprezo por aquilo que cheira a "mofo". Às vezes, por culpa dos próprios docentes que, conscientes ou não, acabam contribuindo para a recém-superfluidade do latim ganhe espaço: seja por meio de aulas pouco atrativas e desprovidas de nexo; seja pela própria carência de estudos pedagógicos sobre.

Ainda assim, acredito que taxar o latim como uma língua morta seja um ultraje violento ao idioma que continua vivo nas nossas profundas raízes, na genética da nossa identidade coletiva, da nossa visão de mundo, dos nossos ideais, do nosso senso de beleza, justiça e liberdade.

A língua latina é a mãe da nossa cultura (mesmo da nossa pluricultura brasileira), de modo que o percebemos vivo nas palavras que pronunciamos cotidianamente, já que o português é fruto do latim; já que quase todas as palavras que saem da nossa boca são vocábulos de origem latina. Além disso, encontrar nos textos clássicos os nossos mesmos medos, as nossas perplexidades, percebendo que, apesar das constantes mudanças na sociedade, os nossos sentimentos continuam são comuns àqueles das grandes personalidades do passado. E isso faz com que nos sintamos menos sozinhos e mais reconfortados com a fragilidade e as limitações humanas que, como o latim, são atemporais.

A língua de Cícero, diferentemente do inglês, do alemão, do italiano, do português e das demais que servem para nos comunicarmos com o mundo, nos coloca diante das nossas origens e nos confere uma consciência no falar e no exprimir-nos, bem superior àquela que todas as outras línguas modernas possam nos oferecer. Temos uma aproximação com a realidade e de tal modo mais profundamente, mais analiticamente, que conseguimos uma mente mais aberta, mais ampla. Sem o estudo do latim, não compreenderemos plenamente a linguagem nem o pensamento europeu e latino-americano.

O latim é único. Insubstituível!

Mandarim? Bah!



No vídeo acima, uma releitura de "O Fortuna", pelo grupo alemão Highland. Trata-se de um hino de louvor à deusa Fortuna que, conforme sua própria vontade e sem olhar o mérito dos mortais, concedia-lhes ou retirava-lhes a sorte. É, antes de tudo, um belo poema em língua latina.

A caminho da Terra-Sem-Males

O que Aleixo Garcia, Martim Afonso de Sousa, Álvar Núñez Cabeza de Vaca, São Tomé, Ulrich Schmidel, Antônio Raposo Tavares, os jesuítas e os índios têm em comum? A resposta é súbita e, ao mesmo tempo, confusa: o Peabiru, famoso e desconhecido caminho pré-histórico brasileiro.

Há quem afirme que o Peabiru – não a minha cidadezinha paranaense, mas a trilha milenar em questão – tenha sido obra dos incas. Duvido-e-o-dó, porque, para entrar no que hoje corresponde o território brasileiro, os incas necessariamente teriam que se estabelecer no Paraguai. Como não há nenhuma cidade inca no lá, essa teoria – embora tenha ganhado espaço – tem menos relevância para mim do que aquela que relaciona a origem do Peabiru ao apóstolo incrédulo, o Dídimo, ainda que a sua destinação final estivesse nas Índias, conforme a Tradição da Igreja.

Existem também aqueles que, por zelo à ortodoxia histórica (ou bairrismo mesmo), dizem ser o Peabiru invenção dos nossos índios (ou dos antepassados deles, os brazucas "pré-colombianos"). E talvez seja essa, na minha opinião, a versão mais confiável e segura.

Conheço até versões ufólogas sobre a construção desse caminho pré-histórico.

Não tenho convicções quando o assunto seja essa estrada fascinante que porta em si tanto mistério e imprecisões. E é por esse motivo que adotei o Peabiru dos índios, que, percorrendo esse "caminho-gramado-amassado", construíam, a cada passo, em cada peregrinação, a Yvý Marãeý, a morada dos deuses, lá onde a tristeza, a doença e a morte não atormentam os mortais.

Quem sabe um dia, quando eu percorrer o Peabiru até o fim, não chegue também à Terra-Sem-Males? Por isso, sou peregrino do Peabiru.

Por isso, sou PEABIRUTA.