domingo, 29 de junho de 2008

Olha pro céu, meu amor! Vê como ele está lindo!

Das celebrações populares brasileiras, a minha preferida sempre foi a Festa de São João: frio, bandeirinhas, comidas típicas, chapéu de palha, quadrilha e outras caipirices que reportam, ainda que de maneira caricata, ao universo rural, lá onde continuam cravadas as nossas raízes.

Meu encanto pelas noites de São João vem do tempo em que meu pai, devoto do santo, fazia uma baita fogueira na rua de casa (ainda sem asfalto), reunia os vizinhos ao redor, assava pinhão, contava piada, distribuía quentão e, à meia-noite em ponto, retirava algumas lenhas do fogo e caminhava descalço sobre as brasas vivas sem se queimar. Aquilo era fantástico pra mim. De tal modo, que eu também me atrevi caminhar sobre aquele tapete incandescente por algumas vezes, não sem algumas bolhas no pé no dia seguinte.

É também nas festas juninas que outras variantes da língua portuguesa são valorizadas, cultuadas sem preconceitos. "Pessoar, óia a chuva!" e outras chamadas tradicionais das quadrilhas ou dos casamentos caipiras que fazem com que o Chico-Bentês – dialeto que permanece intacto não apenas em Minas – pelo menos uma vez no ano, ganha status de língua padrão.

Se tem quermesse, eu tô dentro, pois é ali que eu me encontro com a minha infância, com o meu povo, com a minha cultura. São João, mais que qualquer outra festa, faz-me sentir brasileiro e valorizar a minha gente, com as sua alegria, crendices e tradições.

Ainda bem que, na era das Raves, as festas juninas continuam tão populares quanto antes.

Viva Santo Antônio!
Viva São Pedro!
Viva São João!

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