sábado, 28 de junho de 2008

A caminho da Terra-Sem-Males

O que Aleixo Garcia, Martim Afonso de Sousa, Álvar Núñez Cabeza de Vaca, São Tomé, Ulrich Schmidel, Antônio Raposo Tavares, os jesuítas e os índios têm em comum? A resposta é súbita e, ao mesmo tempo, confusa: o Peabiru, famoso e desconhecido caminho pré-histórico brasileiro.

Há quem afirme que o Peabiru – não a minha cidadezinha paranaense, mas a trilha milenar em questão – tenha sido obra dos incas. Duvido-e-o-dó, porque, para entrar no que hoje corresponde o território brasileiro, os incas necessariamente teriam que se estabelecer no Paraguai. Como não há nenhuma cidade inca no lá, essa teoria – embora tenha ganhado espaço – tem menos relevância para mim do que aquela que relaciona a origem do Peabiru ao apóstolo incrédulo, o Dídimo, ainda que a sua destinação final estivesse nas Índias, conforme a Tradição da Igreja.

Existem também aqueles que, por zelo à ortodoxia histórica (ou bairrismo mesmo), dizem ser o Peabiru invenção dos nossos índios (ou dos antepassados deles, os brazucas "pré-colombianos"). E talvez seja essa, na minha opinião, a versão mais confiável e segura.

Conheço até versões ufólogas sobre a construção desse caminho pré-histórico.

Não tenho convicções quando o assunto seja essa estrada fascinante que porta em si tanto mistério e imprecisões. E é por esse motivo que adotei o Peabiru dos índios, que, percorrendo esse "caminho-gramado-amassado", construíam, a cada passo, em cada peregrinação, a Yvý Marãeý, a morada dos deuses, lá onde a tristeza, a doença e a morte não atormentam os mortais.

Quem sabe um dia, quando eu percorrer o Peabiru até o fim, não chegue também à Terra-Sem-Males? Por isso, sou peregrino do Peabiru.

Por isso, sou PEABIRUTA.

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