sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mosaico


Anoiteceu
Ao claror tíbio dessa lua
escondida, semibreu
teu gelo mudou-me
de mar em gotas
de piso em tacos
de trilha em trechos
de obra em cacos

Teu inverno me pariu penhascos
precipícios cinzentos
ruínas e escórias
que engolem minhas peças
devorando-me as memórias

Tua noite abriu em mim buracos negros
que apagam meu senso traído
fragmentos de saudades
que jamais terei sentido

Fico incompleto

E embora fracionado
reduzido, inacabado
hei de manter o teu afeto
entre os retalhos do meu peito
até que o teu fulgor não cesse
ao meu coração tão imperfeito

Mas amanhece

Manhã moça de verão:
É hora de recolher meus pedaços pelo chão.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Uma vela e outro prêmio


Recebi meu segundo prêmio literário. O primeiro foi há quatro meses, oferecido pelo Projeto Poesia Pública, de Belo Horizonte. Agora foi a vez do poema "Parafina", sobre a volubilidade da fé, ser contemplado com a primeira colocação entre as poesias religiosas do IV Concurso Internacional de Poesia Latino-Americana, promivido pelo Projeto "Poemía" de Las Piedras, no Uruguai, que reuniu poetas de várias partes do continente.

Eis o poema e, logo após, a relação dos poetas premiados:


Parafina
De vez em quando
minha fé resmunga
reclamando

Inconstância súbita
me questiona
me põe em dúvida
me indaga

Mas meu pavio
não se apaga
segue aceso
e embora ileso
em chaga

IV Concurso Internacional de Poesía Latinoamericana Projecto Poemía (Las Piedras - Canelones)
RESULTADO


Con el objetivo de impulsar un género tan importante como es la poesía y, al mismo tiempo, dejar constancia de la literatura que se escribe ahora, al margen o bebiendo de tendencias, gustos y estilos de todas las partes de nuestro grandioso continente, hemos convocado el IV Premio Internacional de Poesía Latinoamericana.

Aquí están los vencedores:

Categoría “Amor a la patria”
1º Lugar - “Toda la Patria” - Pedro Antonio de Porres – Santiago de Chile (Chile)
2º Lugar - “Tu voz y tu sonrisa” - Martín Augusto Fuentes – Rosario (Argentina)
3º Lugar - “La piel de la playa” - Angélica María Gándara – Cartagena (Colombia)

Categoría “Espiritualidad”
1º Lugar - “Parafina” - Fabio Alejandro Sexugi – Peabiru (Brasil)
2º Lugar - “Trabajos de Dios” - Teresa Delejos Fuentes – Mérida (México)
3º Lugar - “Encuentros” - Paulo Zapalla – Pachuca (México)

Categoría “Paz”
1º Lugar - “Un bonito rincón de paz” - María de Olivera Morales – Las Piedras (Uruguay)
2º Lugar - “Con los ojos” - Carlos David Cruz – Montevideo (Uruguay)
3º Lugar - “Bandera blanca” - Charlene Durán – Asunción (Paraguay)

Categoría “Lucha”
1º Lugar - “El Che que vira” - Alexander Coruña – La Paz (Bolivia)
2º Lugar - “El Mito del la Sangre” - André Juan Plata – Punta del Este (Uruguay)
3º Lugar - “Fuerza!” - Enrique Pazos - Ciudad de La Plata (Argentina)

Con los poemas ganadores se hará una publicación en libro con el título de "La Nova Poesía de Latinoamérica", que incluirá los premiados y algunos de los textos seleccionados entre todos los participantes, orden alfabético por el nombre del autor. Es motivo de inmensa alegría poder darle las gracias a los vencedores e a todos los participantes.

Dedico esse prêmio aos meus leitores e a todos que não deixam a vela se apagar!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Juventude inquieta



Tenho medo de poucas coisas. Mas, a que mais me incomoda é a ameaça da velhice. Não pela idade em si, já que ainda nem cheguei à casa dos 30, nem pelo alvorecer dos primeiros fios brancos ou das entradas no cabelo, mas pela possibilidade de perder, com "a casca inútil das horas", a minha inquietude interior. Não quero perder aquilo que mais admiro na juventude: a inquietação. E fico incomodado comigo mesmo quando, em flashes no pensamento, me pego conformado com coisas que antes me aborreciam.

A juventude é inquieta. E é somente a inquietação da juventude que nasce aquilo que é belo, que é bom; e nunca dos que deixaram-se embolorar pelo mofo da comodidade, do conformismo. Só os jovens podem mudar o mundo. Mas apenas os jovens que sabem nutrir e direcionar a própria inquietude, que sabem olhar para frente com coragem, que lutam com entusiasmo pelo ideal que mantêm vivo por dentro.

Deus permita que daqui uns tempos eu possa olhar para uma foto minha destes dias e dizer-me, sem peso na consciência, que mantive viva a inquietação: essência da juventude.

Na mocidade, na estação fogosa,
ama-se a vida. A mocidade é crença,
e a alma virgem nesta festa imensa
canta, palpita, se exalta e goza.

[Casimiro de Abreu]