domingo, 13 de julho de 2008

Balada do Poeta Biruta

Se insano é Olavo dos Guimarães Bilac
Com seu "Delírio", sua "Via Láctea"
Sensatez de que serve? Mate-a!
Havendo, pois, quem me ataque
Por dizer que falta um parafuso
Em Fernando Pessoa de Portugal
Ou por chamar Camões de anormal
Imprudente que sou, escuso.

Tem senso Drummond de Andrade
Dizer que há gente com cheiro de cafuné?
E agora, José?
Agora é loucura, genialidade!

Poesia é o hospício d’alma
Hospício que não sana, vicia
Il cui Dante portò dal cielo della pazzia
Dal cielo che mi rubba la calma

Até Kolody, minha favorita
Na brevidade dos haicais
Mostra que não são normais
Os namorados da escrita

E se divago em tom introspecto
Rabiscando sob tensão metalingüista
É que ainda há quem insista
não ser louca Clarice Lispector

Palavra inútil e filadaputa
Derramo agora em meu teclado
Poema sem jeito, inadequado
Inquieto, peabiruta

Sou louco, sim, sem exceto
Como louco é Miguel Sanches Neto
E se também o é Alex Dancini
Haverá quem me recrimine?



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P.S. Escrevi esse poema pensando numa afirmação do poeta ararunense Alex Dancini [sobrenome cuja pronúncia eu pensava que fosse "Dantchini"] que, comentando a postagem anterior a essa, disse: "Escrever aquilo que está na mente é o início da corroboração de que se é um pouco louco".

Depois duma breve discussão comigo mesmo, concordei. Sou doido, biruta. Reconheço.

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