segunda-feira, 23 de novembro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
(1886-1968)
domingo, 20 de setembro de 2009
Agradecimento
A realidade de Peabiru não é das melhores. Todavia, a situação já foi bem pior antes da chegada dos padres italianos da Sagrada Família de Bérgamo. Com um trabalho sério, dinâmico e comprometido, eles mantêm há duas décadas trabalhos sociais relevantes, como a Escola São José – onde tenho o privilégio de trabalhar – que oferece uma educação de qualidade a mais 350 crianças em período integral; a Casa Lar do Menor Carlinhos, que acolhe menores em situação de risco social; e o projeto Criança São José, por meio do qual os religiosos assistem a centenas de famílias carentes do município.
No vídeo a seguir, produzido em 1997, fica evidente as razões pelas quais Peabiru deve agradecer, e muito, aos padres italianos.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Professor da Fecilcam receberá prêmio
quinta-feira, 23 de julho de 2009
XII Prêmio Cidadão de Poesia
Saiu o resultado do XII Prêmio Cidadão de Poesia, um certame literário que tem por objetivo revelar os novos talentos da lírica em língua portuguesa. Acabei ficando com a 2ª colocação: algo que realmente me deixa satisfeito.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Letras da Primavera

No meu discurso, enviado por e-mail aos organizadores do certame, dediquei o prêmio ao poeta anadiense Manuel Alves, um repentista analfabeto, morto no começo do século passado. Sua poesia foi compilada por Tomás da Fonseca. Em Anadia, em homenagem ao poeta, foram dedicados uma rua e um monumento. É dele o poema que segue:
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Germinando

terça-feira, 7 de julho de 2009
Ciao, bella Italia!
A cerimônia de premiação aconteceu no majestoso palácio do governo e foi presidida pela presidente da 3ª Circunscrição, Mariangela De Carlo, contando com a presença de autoridades locais e regionais, da imprensa e de convidados. Recebi o troféu das mãos do prefeito da cidade, que disse ser importantíssimo receber um prêmio literário dessa magnitude, e mais ainda quando não se é falante nativo da língua, como é o meu caso.
Transcrevo, na sequência, o meu discurso, proferido originalmente em italiano:
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“Enquanto saúdo os presentes, desejo expressar minha enorme alegria por estar aqui emLecce, recebendo a premiação desse importantíssimo concurso artístico, o Prêmio Primaverart, que reuniu, como os senhores sabem, obras de diversos artistas, não somente italianos.
Para mim, que sou brasileiro de origem e de coração, mas também amante da língua dantesca, este prêmio tem um significado muito especial: conforme os senhores mesmos aludiram enfaticamente, sou o primeiro poeta estrangeiro a vencer um concurso literário na Itália com líricas em italiano. Para mim, além disso, é quase inacreditável que minha poesia, que canta geralmente as coisas simples da vida cotidiana, seja reconhecida aqui na Itália, em Lecce, Cidade da Arte.
Permaneci aqui esta semana e pude ver, em cada giro no imponente e belíssimo centro histórico, que o amor pela arte é sem dúvidas uma das principais características dessa cultura há milhares de anos. Portanto, ser premiado nesta terra de cultura milenar causa-me uma sensação inexplicável.
Não posso, portanto, deixar de agradecer a Deus, a minha família, aos colegas, amigos, alunos e leitores. Um agradecimento de coração à Srª Mariangela De Carlo, presidente da 3ª Circunscrição de Lecce, pelo apoio e pela atenção durante minha estada na Puglia.

Assim diz Camilo Castelo Branco, grande nome da literatura portuguesa: ‘A poesia não tem presente: ou é esperança, ou é saudade’. Assim, espero verdadeiramente que a poesia estimulada pelos senhores possa recordar sempre ao povo leccese o seu glorioso passado, com nostalgia, com ‘saudade’, e o leve a escrever, em belos versos, o próprio futuro.
Muito obrigado a Lecce, terra que levarei comigo dentro do coração com muitas saudades.”
Após a cerimônia, segui para a Universidade de Salento, para uma conversa com os alunos de Letras sobre Literatura Brasiliera e sobre o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Certamente, foi um dos momentos mais importantes e emocionantes da minha vida. Espero que essas premiações motivem a tantos outros, peabirutas ou não, para que também sintam essa ânsia de escrever, de produzir.
Rabiscar, para mim, é uma necessidade, quase física.
Eu vou continuar escrevendo. Conituem lendo meus rabiscos, por favor!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Um prêmio português, ora pois!
sábado, 25 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Ainda da série "Meus Versos na Europa"
Nem bem me recuperei do susto de receber dois prêmios importantes na Itália, numa mesma semana, fiquei sabendo agora que também fui selecionado para integrar a Antologia "Parole e Poesia" da Casa Editora Il Fiorino, da cidade de Módena (região da Emília-Romanha).
sexta-feira, 10 de abril de 2009
1º lugar na Itália!!


domingo, 5 de abril de 2009
Fui premiado no Lácio!

sexta-feira, 27 de março de 2009
sexta-feira, 20 de março de 2009
Embalagem

quinta-feira, 19 de março de 2009
O bom poeta não lê poesias
quarta-feira, 18 de março de 2009
É hora de dar uma espiadinha!
O Big Brother cresceu. O Grande Irmão, personagem fictício do romance "Mil Novecentos e Oitenta e Quatro" ("Nineteen Eighty-Four"), concebido pelo britânico Eric Arthur Blair em 1948 e gerado pelo público brasileiro desde 2002, conseguiu entranhar-se no nosso imaginário, onde ganhou forma e morada, adaptando-se perfeitamente à nossa realidade tupiniquim, inculturando-se por aqui no tempo e no espaço. O cenário, portanto, não é mais a Oceania, e 1984 ficou para trás. Nestes tempos de New Age, não são mais as câmeras quem nos fiscalizam (embora elas estejam por aí, como redutores de velocidade ou inibidores de furto em estabelecimentos comerciais); na Era de Aquário, as sardinhas se aprisionam, por vontade, em aquários-casas de vidro e, lá de dentro, tentam agitar as águas ao redor, confirmando, assim, a ideia de Jean-Paul Sartre (cantada pelos Titãs) de que "o inferno são os outros". Ou seja, graças ao foco que se dá a qualquer indivíduo, graças aos holofotes projetando luzes ofuscantes sobre sua vida particular e mera, escancarada às espiadinhas do mundo, arreganhada aos olhares dos outros, "do inferno", à pauta incansável de programas (fúteis?) de fofoca, é que se cria uma novela superatrativa, mais interessante que Pantanal ou Caminho das Índias, escrita e encenada simultaneamente, com capítulos que duram o dia inteirinho!

Milton Nascimento - Caçador de Mim
sábado, 7 de março de 2009
O leiteiro
Revirando a esmo papéis amarelados [não sei porque faço isso de vez em quando], encontrei, ainda incompleto, um conto que comecei a escrever no ano 2000. Nem me lembrava mais dele. Decidi re-escrevê-lo [com hífen mesmo, já que, agora, separa-se o prefixo do segundo termo quando vogais iguais se encontram].
A trama é minha. Mas o cenário, escuro e empolgante, roubei de um poema fantástico do Drummond. Assim, enquanto a prosa não fica definitivamente pronta, posto o tal poema, que é o meu preferido.
A morte do leiteiro
Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.
Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.

segunda-feira, 2 de março de 2009
Mais um!
Fiquei com a 3ª colocação no 27º Concurso Internacional Literário das Edições A.G., cujo resultado foi divulgado na tarde de ontem. Nas primeiras colocações, estão poetisas portuguesas. Esta será minha segunda participação em antologias este ano. Tomara que não sejam as únicas!
O poema premiado, Bússola, está nas postagens abaixo.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Mosaico
Anoiteceu
Ao claror tíbio dessa lua
escondida, semibreu
teu gelo mudou-me
de mar em gotas
de piso em tacos
de trilha em trechos
de obra em cacos
Teu inverno me pariu penhascos
precipícios cinzentos
ruínas e escórias
que engolem minhas peças
devorando-me as memórias
Tua noite abriu em mim buracos negros
que apagam meu senso traído
fragmentos de saudades
que jamais terei sentido
Fico incompleto
E embora fracionado
reduzido, inacabado
hei de manter o teu afeto
entre os retalhos do meu peito
até que o teu fulgor não cesse
ao meu coração tão imperfeito
Mas amanhece
Manhã moça de verão:
É hora de recolher meus pedaços pelo chão.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Uma vela e outro prêmio
Recebi meu segundo prêmio literário. O primeiro foi há quatro meses, oferecido pelo Projeto Poesia Pública, de Belo Horizonte. Agora foi a vez do poema "Parafina", sobre a volubilidade da fé, ser contemplado com a primeira colocação entre as poesias religiosas do IV Concurso Internacional de Poesia Latino-Americana, promivido pelo Projeto "Poemía" de Las Piedras, no Uruguai, que reuniu poetas de várias partes do continente.
Eis o poema e, logo após, a relação dos poetas premiados:
Parafina
De vez em quando
minha fé resmunga
reclamando
Inconstância súbita
me questiona
me põe em dúvida
me indaga
Mas meu pavio
não se apaga
segue aceso
e embora ileso
em chaga
IV Concurso Internacional de Poesía Latinoamericana Projecto Poemía (Las Piedras - Canelones)
RESULTADO
Con el objetivo de impulsar un género tan importante como es la poesía y, al mismo tiempo, dejar constancia de la literatura que se escribe ahora, al margen o bebiendo de tendencias, gustos y estilos de todas las partes de nuestro grandioso continente, hemos convocado el IV Premio Internacional de Poesía Latinoamericana.
Aquí están los vencedores:
Categoría “Amor a la patria”
Categoría “Espiritualidad”
Categoría “Paz”
Categoría “Lucha”
Con los poemas ganadores se hará una publicación en libro con el título de "La Nova Poesía de Latinoamérica", que incluirá los premiados y algunos de los textos seleccionados entre todos los participantes, orden alfabético por el nombre del autor. Es motivo de inmensa alegría poder darle las gracias a los vencedores e a todos los participantes.
Dedico esse prêmio aos meus leitores e a todos que não deixam a vela se apagar!
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Juventude inquieta

A juventude é inquieta. E é somente a inquietação da juventude que nasce aquilo que é belo, que é bom; e nunca dos que deixaram-se embolorar pelo mofo da comodidade, do conformismo. Só os jovens podem mudar o mundo. Mas apenas os jovens que sabem nutrir e direcionar a própria inquietude, que sabem olhar para frente com coragem, que lutam com entusiasmo pelo ideal que mantêm vivo por dentro.
Deus permita que daqui uns tempos eu possa olhar para uma foto minha destes dias e dizer-me, sem peso na consciência, que mantive viva a inquietação: essência da juventude.
Na mocidade, na estação fogosa,
ama-se a vida. A mocidade é crença,
e a alma virgem nesta festa imensa
canta, palpita, se exalta e goza.
[Casimiro de Abreu]